sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Caráter da Juventude


"A juventude sempre foi considerada a época dos grandes arroubos e dos grandes ideais. Sonhos heróicos e otimistas, anseios de luta e renovação, são qualidades reconhecidas nos jovens. Isso se explica facilmente: o Espírito, atingindo a fase adulta, entra na plena posse de si mesmo e inicia propriamente as responsabilidades mais graves da presente existência. Os ecos dos compromissos assumidos no Plano Espiritual ainda estão frescos em sua alma e vêm ao coração em forma de sonhos e impulsos. A vontade de auto-realização e o ideal de mudar o mundo se conjugam; a euforia física, a energia vital, o vigor - tudo isso condiciona organicamente esse estado de espírito.

Não foram poucas as vezes na história em que os jovens, imbuídos desse idealismo arrojado, promoveram movimentos sociais e políticos, artísticos e religiosos, renovando a paisagem do mundo. Muitos ofereceram suas vidas em guerras e revoluções. Muitos empunharam o idealismo de forma feroz, semeando também a violência e a morte. Outros, no impulso de corrigir e de romper com o conservadorismo e a opressão moral, abusaram de suas energias vitais e se entregaram à devassidão.

É inegável, porém, que a juventude, tomada em seu aspecto coletivo, é uma força social renovadora de que as nações e a humanidade necessitam para progredir. A volta dos Espíritos, pelo processo da reencarnação, não proporciona apenas à própria individualidade a oportunidade de evolução. Retomando a vida em outras condições, interagindo com a história, os Espíritos que voltam são as novas gerações, incumbidas de empurrar o mundo para a frente.

No intervalo entre uma existência e outra, o Espírito também aprende, toma novas resoluções, ouve conselhos e instruções de seus guias. Reencarnado, dependendo de seu livre-arbítrio e da Educação que recebeu, vai cumprir mais ou menos fielmente ou trair compromissos assumidos e decisões tomadas. Na maior parte das vezes, vozes da própria consciência e dos Espíritos Guardiões ainda ecoam com relativa força durante a juventude, tão cheia de promessas de realização.

Encarada no conjunto, portanto, uma nova geração sempre tem maior soma de bons propósitos e vontade de evolução do que muitas pessoas mais velhas, que já se acomodaram na rotina; do que muitos Espíritos que já fracassaram nos deveres que haviam trazido para a presente encarnação.

Já ficou dito, e o reafirmamos sempre, que em qualquer fase da existência a renovação é possível. O Espírito é eterno e soberano e pode superar qualquer condicionamento físico e psíquico (ver caps. XIV e XV) Podem-se observar homens e mulheres maduros e até velhos, que vinham trilhando um caminho falso e promoverem uma reviravolta saudável em suas vidas. O esforço para isso, porém, é muito intenso, pois atitudes, vícios, padrões culturais e psíquicos já estão, nesta altura, bastante cristalizados.

A juventude, nesse sentido, é muito mais flexível. Embora já tenha a carga de uma Educação recebida, ainda não deu tempo de se fixar tão profundamente nos traços de sua nova personalidade (que como sabemos é uma interação entre heranças do passado e aquisições do presente). Por isso, por mais que um jovem esteja desviado dos propósitos construtivos que trouxe para a vida, há ainda nele muitas cordas sensíveis, que podem ser acionadas, para que mude de rumo."

(Incontri, Dora. in: A Educação segundo o Espíritismo, FEESP)

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